O escritor que é engenheiro agrónomo não escreve muito, sente uma dor grande ao escrever ficção, para escrever temos de ter uma razão muito forte porque deve haver coisas melhores que passar oito horas por dia a inventar mentiras, oito horas por dia por cada meia página escrita porque escrevo para que gostem de mim, na ruralidade das minhas origens ou nas cidades do norte da Europa que me fascinaram como estivesse destinado a ser o embaixador do pensamento nórdico
Por teres 60 anos, por teres sido parte do universo de sonhos que era o DN Jovem, por sentires dores na escrita, por escreveres pouco e para gostarem de ti, e por teres saudades dos doze anos em que não publicaste porque sentiste falta que as pessoas gostassem de ti.
Gostei da modéstia com que te desalinhaste com os novos ventos da auto ficção e como atribuíste, sem falsos pudores, a rapidez da escrita das novas gerações de escritores à profusão dos cursos de escrita criativa, assim uma espécie de pronto a vestir (escrever) uma antecâmara das promessas da inteligência artificial para o futuro da literatura
(Sim, eu sei que não disseste nada disso, mas senti-me com esse direito de interpretação abusiva porque afinal de contas também tenho a rondar 60 anos e fui publicado no DN Jovem quando sonhava e tinha 22)
Bela conversa, José Riço!
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