Hoje a trenitalia está em greve e a mobilidade está inquieta.
Não há previsões, ninguém está para explicar, nós seguimos os passos dos autóctones, do binário quatro, para o binário um e finalmente o oito, somos um rebanho de seres obedientes que, hoje, se conformam porque sem mobilidade, esmorece a nossa irreverência e a vontade de partilhar posts de gente feliz.
Os rostos estão fechados, é possível que todos saibam que a democracia dá trabalho mas na estação central de Bologna não prolifera o espírito militante, antes uma atmosfera de conformismo suicida que antecede as grandes depressões.
No binário um, enquanto todos olham para o quadro eletrónico que vomita cancelados, a todos os minutos, como se os comboios, de repente, se desvanecessem, entrassem na plataforma 7b e fossem transportados para outra dimensão
Enquanto, do alto da sua locomotiva elétrica, orgulhosamente debruçado sobre a janela que vigia a multidão no binário, o maquinista fuma o cigarro da contestação social, e certamente que o número um é importante, uma huelga segundo o único ser humano que, fechado numa barraquinha que devia ser de informações mas não era, que sabia pouco do que se passava fora do seu cubículo e também tinha uma versão muito lata da ibéria. O costume.
Hoje, na era da automação total, sem bilheteiras nem revisores, com os únicos humanos que restam em huelga, não há comboios e a automação não resolve os imprevistos.
Com alguma (pouca) vontade dos autóctones - eles até são ruidosos e felizes entre eles o pior mesmo é com os outros, seja no trabalho seja no lazer - mantivemo-nos à tona dos carris, à espera de um milagre, que até aconteceu, muito lento e atrasado
Quando não há imprevistos a eletrônica até funciona.
Nos outros dias ficamos com saudade do estado social.
Mas automação significa isenção de contestação e quando a maquinaria avaria e as bilheteiras precisam de ser ressuscitadas, o estado social desperta nervoso.
Entre Bolonha e Reggio Emilia, enquanto o fura greves leva o rebanho à província, sem forças sequer de se revoltar - afinal de contas os trabalhadores são eles – lembro-me que a Itália não mudou assim tanto desde os meus 20 anos, altura em que descobria os comboios de Itália, é verdade que com menos diversidade e menos interatividade do que hoje, ,mas a mesma balbúrdia Latina sem governo.
Porque hoje em Reggio Emilia mora o festival fotografia europea, e o tema este ano é ter vinte anos, ora pois.
E o regresso ao passado começou logo na realidade.
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