Houve um tempo em que a Península respirava a diversidade própria das encruzilhadas de grandes civilizações, das placas tectónicas que permitiram a gestação e crescimento dos alicerces da História do Mediterrâneo.
A diversidade alimentava-se da incerteza, da equivalência de
poderes, das origens comuns, das permanências seculares e da grande terra que a
todos albergava.
Construíam-se muralhas e aldeamentos fortificados,
montavam-se e desmontavam-se acampamentos, como se ninguém tivesse ainda a
certeza de quais eram os seus territórios, por inerência
Extremadura teve o seu momento de centralidade na disputa que
foi a reconquista cristã.
(Ou na conquista islâmica)
(Ou na colonização romana)
Difícil de entender quem eram os inimigos, se os Almohades se
os reinos cristãos vizinhos
Impossível era perceber quem eram os nativos e quem eram os
invasores, quais as influências dominantes, o que era absorvido, adaptado ou
motivo de guerra.
Afinal de contas a narrativa histórica só encontra buracos
negros no período dos Visigodos.
Leão e Castela, e esporadicamente o Condado Portucalense, o
poder do Califado e aqueles que nunca foram poder reinante, mas que sempre registam
presença como a terceira alternativa nas disputas entre cristãos e os muçulmanos.
Os judeus, claro.
“Afinal de contas eram todos primos” – conclui o historiador
castelhano
A Península nunca nesse tempo fora inquestionavelmente cristã,
transpirava mestiçagem e comuns sentimentos de pertença.
E de partilha de conhecimento e de experiências diversas,
desde Fez até à Extremadura
O XII ainda foi um século de Renascimento nas fronteiras do
Mediterrâneo.
Entre o adormecimento das velhas dinastias Berberes e a
irreverência dos jovens reinos cristãos
Com a limpeza étnica e a estabilização dos territórios, a
Extremadura passou a viver das memórias
E a exportar insaciáveis conquistadores barbudos que fugiam
do marasmo e da monotonia para o indefeso Além-Mar
Do triunfo dos elementos e das purgas dos reis católicos