Ter vinte anos é o tema do festival fotografia europea e não é sempre um festival de imagens felizes.
Ter vinte anos não permitirá a ninguém afirmar que esta é a idade mais bela da vida.
Há uma sensação de medidas que não enquadram em padrões de serenidade e alegria em muitas das histórias que desfilam em frente dos nossos olhos.
E, no roteiro pelo palácio de mosto, ficamos entregues ao silêncio do público ausente e das personagens que saem dos ecrãs, das telas e das páginas dos livros, sem um som sequer, porque a fotografia é um filme mudo em que os sons se imaginam a partir das combinações de cores e pela intensidade dos contrastes.
Nas salas do palácio mosto, ainda bem que há solidão na sala e solenidade em cada imagem partilhada, em cada história que se constrói a partir de uma ideia ou de experiências vividas.
Porque ter vinte anos tem de ser uma experiência intensa, intangível como o título da primeira história, que mostra jovens cuidadores que dedicam parte do seu tempo a tomar conta dos familiares mais velhos, contraditória como a revolta que emana da primavera silenciosa, uma história de confrontação em nome do ativismo militante pelo clima, mesmo que a sua raiva seja demasiado zangada.
Em adolescência florescente, escolheram-se só livros que exploram a adolescência como o momento de transformação, física, emocional e social, em que os fotógrafos capturam a rebelião, a fragilidade a descoberta e a pertença em culturas e contextos tão diversos.
Sempre num silêncio que exprime o presente e o futuro, sem que se possa escolher qual é a forma de adolescência mais inquieta
E se a vida tivesse sido diferente? Pergunta um dos autores
Não é uma dúvida para quem tem 20 anos, diríamos nós, mas Matylda em Octopus Day pergunta-se já, então e se eu tivesse feito escolhas diferentes, tivesse vivido num local diferente ou mesmo que fosse de um género diferente e, em quarenta e oito horas apenas, a artista pede emprestada a vida e a identidade dos outros, vestindo a sua pela e vivendo as suas personalidades
Independentemente de sermos capazes de reconhecer nas imagens, que a experiência distorce a perspetiva como nós nos vemos no papel dos outros, reconhecemos nas imagens de Maryna que foi aos vinte que nós devemos ter feito quase todas as escolhas que definiram o que fomos décadas depois.
E se nós tivéssemos feito escolhas diferentes?
Ter vinte anos não é uma escolha!